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terça-feira, 5 de abril de 2011

Um Yogue no Terreiro de Umbanda


- Sri Sevananda Swami visita a Umbanda.
O grande mestre Sri Sevananda, mon­ge, yogue, químico, filósofo, iniciado em várias correntes eso­té­ricas do Oriente e do Oci­dente, funda­dor da avan­çada Sarva Yoga e alma iluminada, percorreu centenas de quilômetros em um trailer no Brasil.
Tudo começou em julho de 1952, quando o mestre visitou inúmeras ci­dades e vilarejos, sempre levando a boa palavra e o carinho de um coração sem fronteiras.
No seu interessante livro “Yo que caminé por el mundo”, impresso na Argentina em 1953 (em segunda e esgotada edição), ele des­creve suas inúmeras aventuras e as atividades das principais sociedades, fraternidades e ordens espiritualistas e iniciáticas.
Num interessante capítulo inti­tulado “Umbanda!”, ele conta sua  ex­periência em alguns terreiros da Um­banda brasileira. 
A palavra deste Guru é inestimável, sobretudo hoje em dia, onde a inqui­sição religiosa, filha da ignorância e da violência, volta a atacar os agrupa­men­tos umban­distas.   Aqui traduzo e transcrevo algumas obser­vações do mestre:

- “Em outra reunião..., estavam várias pessoas, quando cheguei com um discípulo que me rogou para assistir e dar minha opinião. Estava falando, por um médium, porém de forma com­pletamente natural e consciente..., um caboclo.
O ensinamento que dava era inte­ressan­te, a linguagem pitoresca, bem ao nível dos ouvintes, e muitas analogias usa­das deno­ta­vam extremo engenho e gran­de capacidade de manejar as aplicações do ensinamento. Sen­tado em meu canto, esperava algo espe­cial, intuído.  Entre os presentes eu não era conhecido, e nin­guém podia julgar, por minha aparência, meu modo de ser ou pensar.
Chegando até mim, o caboclo me saudou em sua linguagem típica, me observou com lar­gueza, levan­tando-se en­tão de um modo altivo, quase hierá­tico e com tom, pro­núncia e lin­guagem total­mente diferentes..., me disse que iria virar a casaca e pas­sou a comentar minhas atividades de modo no­tável por vários mo­tivos:
1) Falava ma­ne­jan­do o simbolis­mo astroló­gico, ca­balístico, mágico e místico, com mui no­tável cabedal de co­nhe­cimento e pre­cisão de expres­são.
2) Colocava em des­­­­­taque, de forma muito discreta, po­rém com alusões claras, to­das as minhas ativida­des visíveis e ocultas, assim como me deu a solução de alguns assuntos que me preo­cupa­vam e a indicação futura de acon­te­cimentos, que se cumpriram depois ao pé da letra”.

E o grande Guru ainda acrescenta:
“Considero, pois, um dever, dizer o se­guin­te para a orientação de meus discípulos e do leitor em geral:
O movimento de Umbanda é com toda evi­dência uma nova operação de co­mando do In­visível, que vendo no Brasil a grande influên­cia africana..., acharam que se fazia necessá­rio para todo um setor da popula­ção, algo mais mágico, mais animado e menos religioso que o espiritismo...”.

E Sri Sevananda Swami termina de modo magistral:
“Recomendamos, isto sim, olhar sem­pre com atenção o que fazem seus adeptos, pois existe muito que apren­der...”.
O Swami não era espírita e nem en­tusiasta do espiritis­mo. Ele não conhecia a Umbanda ou as tradições afro-brasileiras
Porém, como mestre verdadeiro que era, além de um homem de mente aber­ta, tranquila e profun­da­mente lúcida, deu mostras de autêntica to­lerância, diálogo inter-religioso e amor incondicional.  Ati­tu­de muito diversa de certos pastores, mi­nistros religiosos e leigos atuais.
Com certeza, estas pes­soas também perseguiriam este querido mestre, difa­mando sua fé, apedre­jando seu trailer, interrom­­pen­do suas palestras e aulas de yoga!
Triste sinal dos tem­pos.
Que Sri Sevananda Swami, agora mergu­lhado nos doces braços de Zambi, nos ajude a levantar bem alto o estandarte da paz e da justiça.

OM E SARAVÁ!

Por Edmundo Pellizari

Texto Publicado no Jornal de Umbanda Sagrada em Outubro de 2008.

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