Todos  os          animais nascem iguais perante a vida e têm os mesmos  direitos à          existência. (Artigo 1º. da Declaração Universal dos  Direitos do Animal,          proclamada na UNESCO em 15 de outubro de  1978) 
O           espiritismo retirou da mediunidade todo o aparato místico e  sobrenatural          que sempre a cercou desde a Antiguidade,  dignificou a mulher colocando-a          lado a lado com o homem,  atribuindo-lhe direitos que sempre lhe foram          negados e resgatou  a dignidade dos animais, situando-os em um processo          evolutivo  onde o princípio inteligente, “do átomo ao arcanjo”, se          elabora  e se autoconstrói.
Na           cultura ocidental os animais não têm transcendência, não têm  alma a ser          salva ou condenada. Nunca tiveram o direito à  imortalidade, atributo          exclusivo dos seres humanos. De um lado a  ciência, que rejeita as          emoções e a espiritualidade e de  outro, a religião, que não aceita a sua          transcendência e nega  aos animais o direito à vida pós-morte.
Já  para o          espiritismo os animais possuem uma alma, um princípio  inteligente ou          espiritual individualizado, que reencarna,  evolui, progride e traz em si          mesmo, como todo princípio  inteligente, as potencialidades          intelecto-morais e psíquicas  vindouras.
O           espiritismo não aceita a metempsicose — a reencarnação dos  espíritos em          corpos animais — mas considera que há um fio  evolutivo de continuidade          entre o reino animal e o hominal,  chamado pelo cientista espírita          francês Gabriel Delanne de  Evolução Anímica.
Gustave           Geley, pensador metapsíquico, simpatizante do Espiritismo,  escreveu uma          obra magistral, Do Inconsciente ao Consciente,  onde chama a alma dos          animais de Dinamopsiquismo Essencial, que  entra em um processo evolutivo          que ele denominou de Evolução  Dínamo-Genética, conceito que o sociólogo          espírita portenho  Manuel S. Porteiro aplicou na compreensão dos          processos  históricos à luz do espiritismo.
Para  o          espiritismo, “os animais, também compostos de matéria inerte  e          igualmente dotados de vitalidade, possuem, além disso, uma  espécie de          inteligência instintiva, limitada, e a consciência  de sua existência e          de suas individualidades”. (O Livro dos  Espíritos, questão 585).
Segundo  a          filosofia espírita, a evolução humana se inicia no nível da  simplicidade          moral e da ignorância intelectual, mas é  antecedida por estágios          evolutivos nos reinos inferiores da  criação, do mineral às plantas, das          plantas aos animais e dos  animais ao reino hominal. Como dizia Léon          Denis, o espírito  dorme no mineral, sonha no vegetal, se agita no animal          e acorda  no reino hominal.
“Querem           uns que o homem seja um animal e outros que o animal seja um  homem.”          Animal é animal, homem é homem. “Os animais não são  simples máquinas,          como supondes. Contudo, a liberdade de ação,  de que desfrutam, é          limitada pelas suas necessidades e não se  pode comparar à do homem”.
É o que          vemos em O Livro dos Espíritos.
606.           Donde tiram os animais o princípio inteligente que constitui a  alma de          natureza especial de que são dotados?
“Do          elemento inteligente universal.”
a) -          Então, emanam de um único princípio a inteligência do homem e a dos          animais?
“Sem          dúvida alguma, porém, no homem, passou por uma elaboração que a coloca          acima da que existe no animal.”
607.           Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem,           corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua  inteligência          apenas desabrocha e se ensaia para a vida.
Onde passa o Espírito essa          primeira fase do seu desenvolvimento?
“Numa          série de existências que precedem o período a que chamais Humanidade.”
600.           Sobrevivendo ao corpo em que habitou, a alma do animal vem a  achar-se,          depois da morte, num estado de erraticidade, como a  do homem?
“Fica           numa espécie de erraticidade, pois que não mais se acha unida  ao corpo,          mas não é um Espírito errante. O Espírito errante é  um ser que pensa e          obra por sua livre vontade. De idêntica  faculdade não dispõe o dos          animais. A consciência de si mesmo é  o que constitui o principal          atributo do Espírito. O do animal,  depois da morte, é classificado pelos          Espíritos a quem incumbe  essa tarefa e utilizado quase imediatamente.          Não lhe é dado  tempo de entrar em relação com outras criaturas.”
O           cientista espírita italiano, Ernesto Bozzano, de forma  inédita,          pesquisou dezenas de casos de materializações de  animais, demonstrando          que a alma desses seres sobrevive ao  corpo e desfruta, momentaneamente,          de uma quase erraticidade.  Esse quase significa um tempo bem inferior ao          dos espíritos,  dotados de livre-arbítrio, com plena consciência de si          mesmos e  com um fator diferenciado em seus processos mentais, o que o           espírito André Luiz denominou de pensamento contínuo. O que nos leva a           concluir que no mundo extra físico não há manadas de elefantes,  matilhas          de cães ou uma alcatéia de lobos.
O           princípio inteligente encarnado nos animais traz em si todas  as          potencialidades morais e intelectuais. Tem, em estado  rudimentar,          conforme o nível de progresso que haja realizado, a  afetividade, a          inteligência e a moralidade em estado de  gérmen, tanto quanto o          psiquismo desenvolvido de acordo com a  necessidade. Quem convive com          eles sabe que demonstram, ainda  que de forma rudimentar, emoções que          seriam próprias dos  humanos. Expressam ciúme, alegria, tristeza, medo e          uma série  de emoções conforme o seu nível evolutivo.
A  ciência          admite que os animais têm uma inteligência rudimentar,  também conforme          as suas necessidades. Mas rejeita, ainda, a  idéia de que possuam          emoções. Há um preconceito científico,  paradigmático, em relação a essa          questão. A acusação de  antropomorfismo é inevitável em pesquisas que          objetivem a  evidência de que eles possuam emoções semelhantes às          humanas.  Portanto, a existência de um psiquismo, de uma transcendência           espiritual, de uma alma nos animais, ainda está muito longe de ser           admitida pela ciência.
Pesquisas           recentes sobre a existência de emoções nos animais tentam  superar o          preconceito acadêmico do antropomorfismo. Essas  pesquisas apontam para          um caminho que possivelmente venha a  admitir a existência de          espiritualidade nos animais.  Espiritualidade significa a posse de uma          dimensão espiritual  que sobreviva e transcenda à matéria, que tenha um          caráter  espiritual, relativo ao espírito, à existência de um princípio           espiritual. Isso a ciência rejeita de forma radical.
Fonte: Eugenio Lara, arquiteto e designer gráfico, é fundador e editor do site PENSE - Pensamento Social Espírita, membro-fundador do CPDoc - Centro de Pesquisa e Documentação Espírita, expositor do Centro Espírita Allan Kardec, de Santos e do Instituto Cultural Kardecista de Santos.
Por Eugenio Lara.







Nenhum comentário:
Postar um comentário