SARAVÁ OS 102 ANOS DE UMBANDA
Por Alexandre Cumino
Ontem  a Umbanda completou 102 anos, em que foi anunciada pelo Caboclo da Sete  Encruzilhadas, por meio de seu médium Zélio de Moraes.
Há  dois anos atrás o Brasil inteiro comemorou os 100 anos da Umbanda, mas  nem todos se deram conta o quanto conquistamos com este marco, que pode  parecer pouco em comparação à idade cronológica das outras religiões, no  entanto o que ganhamos não tem nada a ver com tempo e sim com  reconhecimento.
Aos  poucos as pessoas e os próprios umbandistas estão se dando conta de que  a Umbanda é uma Religião Brasileira. Com todos os prós e contras que  esta identidade oferece. O brasileiro vive uma relação de amor e ódio  com sigo mesmo (com esta “brasilidade” controversa), adoramos nossas  qualidades e detestamos nossos defeitos. Somos um povo apaixonado e  Umbanda é uma Religião Apaixonante – brasileira - tem ginga, encanto e  magia.
Umbanda  se canta em verso e prosa; se toca no nagô, angola e ijexá; batendo  ritmo na palma da mão, para quem quiser ver. Umbanda dança, gira e roda  nas voltas de nosso coração, para nos tirar do comodismo e mesmice a que  a sociedade nos condicionou, com seus dias; protocolos e métodos  repetitivos e mecânicos.
Umbanda  cheira guiné, arruda e alecrim; mirra incenso e benjoim. Umbanda nos  pega pelos cinco sentidos, levando ao transcendente para além do sexto e  sétimo sentidos. Umbanda é a Cachoeira da Oxum, a Mata de Oxossi, a  Pedreira de Xangô, o grito do caboclo, o cachimbo do preto-velho e a  presença de Cristo. São Jorge, Santa Bárbara, Santo Expedito e Padre  Cícero nos ensinam que há muito mais que sincretismo entre culturas; há  encontro, presença e olhar.
Êxtase  Religioso, Transe Mediúnico, Estado Alterado de Consciência são  palavras para descrever o indescritível, o momento em que passamos do  ser ao “não-ser”, do vazio à plenitude, de Exu à Oxalá, do EU ao Nós, ao  ponto de não saber mais se sou EU, nós ou Ele. Louco é pouco, já diziam  os mestres que a sanidade do mundo é loucura para o sagrado e que o  sagrado é a loucura de deus. Ser médium é muitas vezes andar de olhos  fechados num precipício em que a única corda que temos é nossa fé  esticada de um lado ao outro entre a terra e o céu, ou melhor a  Aruanda.  
E  se não basta-se tudo isso ainda nos traz uma proposta de maturidade  religiosa, não pede conversão, não tem tabus nem dogmas, aceita cada um  de nós sem julgamentos; jovem que é respeita os mais velhos, se diverte  com as crianças e liberta das amarras sociais, emocionais e psicologias,  nas quais a razão quase sempre prepara armadilhas.
Ajoelhada  ao lado do preto-velho mata nosso ego, junto do caboclo nos desafia a  rasgar o peito e mostrar onde está nosso coração, pelo exemplo pede que  todos nós estejamos abertos a reaprender o que é bom com a criança.
A  Umbanda reza, ora e faz prece aos santos, orixás, anjos, arcanjos e  guias, sem exclusividade nenhuma, não reconhece sectarismos ou  proselitismos com relação às divindades, que assim como o sol, nasce  para todos. Espíritos de origens e culturas diversas se unem e integram  numa mesma direção, numa mesma BANDA, nesta que quer ser UM com o outro,  que quer ser UM com o TODO.
E  quem vai explicar tudo isso, como entender e dar sentido para algo tão  exuberante, quase exótico; colcha de retalhos ou fina tapeçaria?
Da  esquerda nos parece vir uma voz firme a responder que somos guardiões  destes mistérios, não cabe a nós entende-los todos e sim respeitar,  bater cabeça e silenciar.
Como compreender a Umbanda?
Comece  procurando compreender a si mesmo e quem sabe um dia ao encontrar  respostas para suas questões mais profundas e existenciais encontre  também algumas respostas sobre Umbanda.
Saravá os 102 Anos de Umbanda
 Por Meu Irmão: Alexandre Cumino


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