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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Quatro Aspectos da Mediunidade Sem Instrução



O estudocontínuo dos assuntos relacionados à mediunidade na Umbanda remove dentre seusseguidores dezenas, quiçá centenas, de crendices, costumes e hábitos que têm semostrado nocivos à própria Religião. Muitos umbandistas têm uma visão deturpadado que significa o dom mediúnico em suas vidas e dentro dos terreiros. Centenasde adeptos desenvolvem uma mediunidade repleta de entendimento errôneo,suposições equivocadas e vícios comuns a pessoas que pouco, ou quase nenhum,acesso têm à informação. Muitos desses equívocos são provocados justamente pelodesconhecimento. Os maus hábitos acumulam-se ao longo do tempo e transformam-seem vícios que necessitam de tratamento imediato. Os erros acontecem aos montescausando muito desconforto aos Caboclos de Aruanda, que vez por outra precisamintervir para remediar a situação. A culpa de tais problemas poderia seratribuída a muita gente: Chefes de Terreiro despreparados, médiuns afoitos oude pouca instrução, seguidores pouco compromissados com a religião, dirigentesdesinteressados e até mesmo Espíritos desencarnados causadores de demandas. Arealidade mostra, porém, que a maior causa de todos os problemas que afetam amissão do umbandista é unicamente a falta de estudo. Sem o mínimo conhecimentode tudo o que envolve o mecanismo da mediunidade, assim como em muitos outrosaspectos da vida comum, os erros grosseiros e infantis acontecem em profusão. Amediunidade, a partir de uma prática sem base teórica, tende a ser conduzidacomo um brinquedo nas mãos de infantes.

Amediunidade não é superstição. Partindo da premissa de que deve ser exercitadonuma perfeita união entre a Fé e a Sabedoria, o dom mediúnico transforma-se emvalioso instrumento de propagação das verdades espirituais. De outra forma, amediunidade equivocada é conduzida do mesmo jeito como o adivinho faz com asentranhas de um animal. Não há verdades. Tudo é subjetivo e enganoso. Faltaciência e sabedoria.

A mediunidadesupersticiosa transforma os Guias Espirituais em oráculos domésticos,onde os mais ínfimos problemas de ordem inferior são levados em conta. Assim, oPreto Velho passa a ser o informante da traição de um marido ou do futuroeconômico de um filho carnal. O Caboclo, por sua vez, transforma-se em ajudantefiel dos negócios ou aquele que vai vencer um inimigo de desafeto. Na mesmaproporção, o Exu abandona a condição de Guardião e assume o papel de vingadorferrenho, ou um escravo à disposição do médium. A Pomba Gira, sob a mesmaótica, é tida como uma prostituta arrependida e por isso mesmo obrigada aarranjar parceiros para pessoas de moral duvidosa.

Amediunidade não é show pirotécnico onde o que se vê são rápidos e ilusórioslampejos de brilhos multicoloridos. O médium sem instrução transforma o dom emótimo artifício na exibição de espetaculares manobras que mais chamam a atençãodos curiosos e dos seres trevosos do que dos Espíritos de Luz. Assim, tudo éespantoso e deslumbrante. Todos os gestos do médium em transe são inchados deexageros. Todas as receitas de oferendas são idênticas às listas de um estranhoguisado. Os pontos riscados transformam-se numa mandala confusa de desenhos erabiscos infantis sem fundamento. As brancas vestes sacerdotais assumem aaparência de fantasias carnavalescas em que imperam o luxo, a vaidade e oexibicionismo.

Na mediunidadepirotécnica, vale mais a grosseira presença física do médium do que asuave e discreta participação dos Guias de Luz. O Preto Velho se esconde, oCaboclo se afasta, o Exu ri do fanfarrão e o médium se exibe. Neste tipo decondução da mediunidade há uma completa falta de força espiritual, pois a carneassume todas as funções do medianeiro e o animismo, a mistificação e a charlataniceestão em primeira linha.

Entre tantasformas de se exercitar a mediunidade há também a que leva em conta a ascensãosocial do médium. É a mediunidade interesseira.

A mediunidadeinteresseira é aquela em que as reais intenções do indivíduo são quasedesconhecidas. Há muitos interesses em jogo, e o principal é o de “subir” navida. O médium intenciona ser aplaudido, então usa a mediunidade para chamar aatenção da platéia. O médium quer obter dinheiro de forma menos trabalhosa,então comercializa o dom. Se tem interesse em reconhecimento público, entãotransforma a mediunidade em degrau para a subida aos palanques políticos, aospalcos da mídia e aos púlpitos das câmaras e agremiações. Tal como o médiumpirotécnico, o médium interesseiro quer aparecer, mas com o fim certo de obteralgum rendimento financeiro.

Nesse tipode mediunidade, o indivíduo não se envergonha ao “pedir” o pagamento peloserviço prestado. Seu rosto não enrubesce quando dita o valor daquilo quevergonhosamente chama de caridade. Se precisar usar uma máscara, certamente ofará. Mas, em seu tempo, lançará por terra a fantasia e mostrará sua verdadeirae tenebrosa face. Como o lobo entre os cordeiros.

A mediunidadeignorante é exercida pelos que verdadeiramente têm grande aversão aoestudo e à meditação. Nessa modalidade, o médium conscientemente classifica oestudo contínuo como algo desnecessário. Acredita que somente as instruções dosCaboclos já são suficientes para que ele seja um grande instrumento daComunidade Espiritual. A leitura, a pesquisa e o conhecimento dos mecanismosmediúnicos são coisas sem importância na visão dos ignorantes.

Neste caso,o médium não se importa em cometer diversos absurdos em nome de Deus, pois nãohá o conhecimento do que realmente é a vontade divina. Fala, mesmo usandoconversações aparentemente profundas, do mesmo jeito como discursa um simplescamponês acerca do universo astronômico. Age sempre de forma impensada, aindaque com a maior boa vontade. Suas ações são completamente sem método, critérioou planejamento. Tem uma visão do mundo espiritual como seus antepassados queoutrora atribuíam ao relâmpago um castigo dos deuses ou aos abalos sísmicos umademonstração da ira divina. Na mediunidade ignorante quanto menos se estuda,mais se erra.

Serinstrumento da Espiritualidade Maior é uma benção recebida por muitos. Porém,como qualquer instrumento necessita de um aprimoramento e de ajustesconstantes, assim é o médium de Umbanda a serviço dos Caboclos e Pretos Velhos.
Não basta ter mediunidade. Mas, é importante que esta seja útil aos interessesdo Criador, pois todo médium é um depositário da confiança de Deus. Para serútil, a mediunidade tem que estar firmada nas instruções que vêm do Alto.

Bom seria setodos os médiuns aplicassem a sabedoria e o conhecimento no aperfeiçoamento damediunidade e se o estudo continuado fosse uma prerrogativa para um perfeitoministério mediúnico.

Julio Cezar Gomes Pinto - Diretor-Presidente da Casa de Caridade SantoAntônio de Pádua

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